terça-feira, 8 de abril de 2008

Please press the <foda-se> key

Isso que eu escrevi no primeiro post ali embaixo ocorreu no exato instante antes da realidade cair sobre a minha cabeça. Vamos dizer que eu estava suficientemente iludido com algumas possibilidades... ou seria melhor dizer impossibilidades? Nem estou falando de promessas de dinheiro, poder e mulheres. Eu mesmo é que me iludi sozinho.

E não foi difícil criar a ilusão, pois eu tinha um monte de problemas para resolver, uma enorme vontade de passá-los para trás, e ninguém na minha frente para dizer o que eu podia ou não podia fazer. Isso tudo me pareceu completamente estimulante, mas na verdade eu não sabia o quanto eu estava perdido e o quanto a situação estava perdida.

Eu me conheço e tenho essa característica de achar que tenho a resposta para os problemas dentro da minha cabeça, e tudo o que preciso fazer é, simplesmente, colocar as soluções em prática. E mesmo sabendo que essa é a parte difícil, que eu precisaria coordenar vários esforços meus & alheios para algo acontecesse, de vez em quando eu entro no embalo e só um chacoalhão pode me fazer parar pra pensar e ver a merda que está prestes a feder.

Pra ser sincero, a queda na real tinha acontecido na última semana de dezembro -- facilmente a pior semana de trabalho de toda minha vida. Eu me vi responsável por um software condenado a ser uma massa disforme de código, dados, remendos, idéias prematuras, incompetências prolongadas, esforços perdidos. Eu me vi responsável por manter, entregar e evoluir um monstro. Por diversos momentos, pensava: OK, depois de 12 anos de trabalho, é isso o que você faz de melhor?

Eu estava decidido a pedir demissão antes que dezembro acabasse, mas algumas circunstâncias não ajudaram e foi possível começar janeiro com algumas doses extras de otimismo -- infundado, mas otimismo mesmo assim. Relax, just a little pinprick. There'll be no more 'aaaah', but you may feel a little sick.

O post ali embaixo é uma amostra desse estado de espírito "confortavelmente anestesiado".

Mas como eu ia dizendo, em algum momento a merda ia feder. O dito chacoalhão não foi assim um evento súbito, mas sim a mera entrada do mês de fevereiro. Janeiro tinha sido definido como o mês das mudanças, dos estudos, das discussões. Fevereiro já seria num outro esquema. Já seria o fruto do nosso trabalho intelectual de janeiro! Mas enfim, 31 dias se passaram e o produto do "trabalho intelectual" tinha sido a organização (urgente e inadiável -- circunstancial, é a palavra certa) de alguns servidores. Tínhamos estabelecido um roteiro de discussões nos primeiros dias do ano, e esse roteiro não sobreviveu à segunda semana. Eu fiquei muito decepcionado com esse resultado. Sem contar mr. Easy, ninguém mais achou que estava faltando alguma lição de casa pra ser feita.

Claro que o mês de fevereiro, como sempre, trouxe aquela historinha de "trabalho, só depois do carnaval" e com isso alguns projetos periféricos entraram com tudo na ordem do dia. Ou na desordem do dia, que seja. Esses projetos também estavam condenados, por má condução e má concepção. Para atestar a minha incapacidade, eu não tinha participado decisivamente deles. E então ali estava eu novamente no Visual Studio, noites adentro, fins de semana, tentando tirar o atraso, as inadequações do projeto. Até o momento do CHEGA.

Em caso de pânico, aperte a tecla <foda-se>

Pedi férias, interrompi tudo, deixei algumas pessoas de orelha em pé, e fui cuidar da minha vida. Duas semanas depois já estava vendo tudo com outros olhos, com o passado ficando gostosamente distante um dia de cada vez.

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